Combate à violência contra a mulher Franca

Uma grande cesta no combate à violência contra a mulher

Foto de Susana de Souza Veja todos os posts de Susana de Souza Uma grande cesta no combate à violência contra a mulher

As cinco mil pessoas que lotaram o ginásio Pedrocão, em Franca, na noite de 10 de maio, para acompanhar o clássico Franca e Mogi, pela semifinal do Campeonato NBB de Basquete, não poderiam imaginar que vivenciaram ali emoção muito maior do que ver o time francano vencer por 3 x 0 e garantir uma vaga na final.

Elas participaram de um momento histórico no basquete brasileiro, em que jogadores e 25 mulheres voluntárias do Grupo Mulheres do Brasil Núcleo Franca entraram juntos em campo para dizer ‘não à violência contra a mulher’.

Já logo no início, no momento da execução do Hino Nacional Brasileiro, os torcedores foram surpreendidos com as duas equipes de jogadores alinhadas uma de frente para a outra, conforme protocolo padrão do basquete, segurando duas faixas que estampavam as mensagens:  “O feminicídio é a expressão da covardia” e “Não ignore esse grito de socorro: o feminicídio precisa acabar”.

Foto: Newton Nogueira

Essa ação foi realizada pelo Comitê de Combate a Violência Contra a Mulher, do Grupo Mulheres do Brasil Núcleo Franca, com a assessoria técnica de Jéssica Rezende, da Do.It Experience, que trabalhou de forma voluntária, visando conscientizar os torcedores sobre o contexto histórico de violência contra a mulher. “Uma vez que há estudos que demonstram que a violência contra a mulher aumenta em dias de jogos e no dia posterior, caso o time perca o jogo”, explica Najara Rodrigues, que lidera o comitê com Dora Bittar.

Foto: Newton Nogueira

“Foi um ambiente perfeito para dar visibilidade à causa da violência contra a mulher, principalmente pelo elemento surpresa, ninguém esperava uma ação dessa numa disputa de basquete, em que estava todo mundo focado no jogo e ainda em um espaço masculino”, afirma Eliane Sanches Querino, líder do Grupo Mulheres do Brasil Núcleo Franca.

Em cada intervalo do jogo, houve intervenções e performances emocionantes. Em uma delas, o público foi surpreendido com um vídeo contendo as vozes das próprias mulheres em situações de violência, quando elas ligam para a delegacia ou para os serviços de ajuda.

Em outro momento, as luzes foram apagadas, as ativistas entraram de mãos dadas com os jogadores e o locutor leu o seguinte texto: “É hora de virar o jogo! Essas mulheres que estão em quadra representam o Grupo Mulheres do Brasil, do comitê de combate à violência contra a mulher. Hoje Franca grita: basta ao feminicídio! Basta à violência contra mulher! O feminicídio é a expressão da covardia. Não ignore esse grito de socorro: o feminicídio precisa acabar. Vamos todos juntos nessa torcida de paz?”.

Houve também uma performance em que uma das participantes simulou estar em situação de violência, de luto, tentando fazer uma cesta de mãos atadas. “Foi uma ação muito forte no centro da quadra, mostrando que, se isso pode chocar algumas pessoas, é preciso que elas se choquem também com as estatísticas da violência e principalmente com as vidas. É preciso impactar as pessoas para que elas acordem da inércia e vejam o que precisa ser feito”, diz Eliane Sanches.

Foto: Newton Nogueira

Esta é a segunda ação de conscientização sobre combate à violência contra a mulher no âmbito esportivo, realizada pelo Grupo Mulheres do Brasil. A primeira ocorreu em Goiânia, no Estádio Serrinha, em março, na abertura das quartas de finais do Campeonato Goiano de Futebol, no jogo entre Goiás e Aparecidense, quando entraram em campo 33 mulheres, segurando cruzes, juntamente com os jogadores, representando cada vítima morta por seus companheiros (Leia aqui a matéria).

“Acho que é importante conscientizarmos as pessoas sobre a situação da violência, em todos os momentos e situações onde houver a possibilidade de levarmos nossa mensagem”, conclui Eliane.

Confira um dos momentos emocionantes:

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