Empreendedorismo São Paulo

Invista em uma mulher

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*Artigo escrito por Ana Fontes

Apoiar empreendedoras que estão começando a sua jornada custa menos do que você imagina – basta começar por pequenas atitudes

É bem difícil ser empreendedor no Brasil. Mas é ainda mais difícil ser uma empreendedora. A principal razão é que as mulheres que empreendem contam com menos recursos financeiros que os homens. E não, isso não é achismo – é a dura realidade.

Na pesquisa anual que fazemos há 4 anos aqui na Rede Mulher Empreendedora, os dados mostram que pouco mais de um terço das mulheres que abrem um negócio começam sozinhas, sem capital e tentando se bancar por meio de poupança ou do salário que recebem em um emprego fixo, dobrando sua carga de trabalho. Sem dúvida, isso aumenta as chances de que essas empresas não sobrevivam.

Ainda assim, de cada 100 novas empresas abertas em SP, 52 têm uma mulher à frente. O empreendedorismo feminino é hoje um fenômeno inquestionável, turbinado pelas condições tanto das mulheres – boa parte delas abre um negócio quando vira mãe e não consegue mais equilibrar as exigências do emprego com horário fixo – ou do país – temos recordes de desemprego hoje em dia, e as mulheres empreendedoras acabam complementando ou sendo a única fonte de renda da família.

Fazer isso sem dinheiro, sem financiamento e sem apoio de investidores é uma corrida de obstáculos quase intransponíveis. E aí aparece a pergunta: o que cada uma de nós pode fazer para mudar esse cenário? A resposta está aqui: pequenas ações que podem fazer a diferença e ajudar uma empreendedora no início do seu longo caminho.

Quer ver? Ao escolher produtos e serviços, dê preferência a empresas comandadas por mulheres. Usou e gostou? Divulgue. Ajude a empreendedora a ficar mais conhecida, no boca-a-boca ou nas redes sociais, para que possa vender mais e crescer. Isso tem a ver com empatia, com sororidade e com aquela frasezinha de que gostamos tanto, “ninguém solta a mão de ninguém”, certo?

Na sua empresa, procure se informar se existem políticas para apoiar pequenos empreendedores, e mulheres em especial. Se não existem, você pode encabeçar um movimento interno para isso. Na Rede Mulher Empreendedora, podemos ajudar com ideias e com o RME Conecta, um programa recém-lançado que está certificando empreendedoras para aproximá-las de grandes empresas onde vão ser fornecedoras – porque isso alavanca o negócio.

As empreendedoras em início de jornada também precisam de mentoria. Será que você não pode ser uma mentora pro-bono em um tema que domine, como contabilidade, finanças, RH, gestão, logística ou marketing? Procure se aproximar de organizações como a Rede Mulher Empreendedora, que organizam e oferecem esse tipo de mentoria para mulheres que empreendem. Não tem experiência em mentoria? Tudo bem, porque há muita gente disposta a mentorar uma futura mentora.

E se você tem algum dinheiro para investir, que tal pensar em colocá-lo numa empresa dirigida por uma mulher? É claro que você terá de pesar os prós e contras, os riscos e os benefícios – mas com essa ideia na cabeça, certamente pode encontrar um bom negócio para investir e crescer com outra mulher.

A única coisa que não dá para fazer é ficar olhando uma realidade difícil e achar que ela vai mudar sozinha – não vai. Inúmeros estudos, dentro e fora do Brasil, revelam que quando uma mulher empreende e ganha dinheiro, ela investe em seus filhos, na família e na comunidade em volta dela. Escolhe, antes de tudo, investir em educação e em qualidade de vida. E muda o mundo com isso.

Portanto, se queremos transformar a realidade para melhor, apoiar uma mulher empreendedora é um caminho testado e aprovado. Invista em uma mulher! Todas as outras agradecem…

* Ana Fontes – fundadora da Rede Mulher Empreendedora – é pesquisadora de gênero e especialista em empreendedorismo feminino

Artigo escrito originalmente para o site da revista Marie Claire, confira neste link.

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