Combate à violência contra a mulher Franca

Franca comemora inauguração do Centro de Referência da Mulher

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Niara é um nome indígena feminino que reflete determinação para realizar objetivos. Seu verbete no Dicionário Brasileiro de Nomes Próprios traz como significados “determinada com os seus desígnios; mulher em busca de grandes objetivos”. Tudo a ver com os propósitos do Comitê de Combate à Violência Contra a Mulher do Grupo Mulheres do Brasil Núcleo Franca, que assumiu Niara como seu nome próprio e também como identificador de suas integrantes.

De fato, as Niaras têm se dedicado com determinação ao grande objetivo de prevenir e combater a violência contra as mulheres em Franca, por meio de diferentes ações. Uma delas tem sido lutar pela melhoria do aparelhamento público necessário ao acolhimento eficiente de vítimas de violência doméstica e familiar.

Esta luta está prestes a ser coroada pela inauguração, prevista para início de setembro, do Centro de Referência da Mulher de Franca, que deve contar com a presença do governador de São Paulo, João Dória, e do secretário de Estado da Segurança Pública, João Camilo Pires. Foi a eles a quem a presidente do Grupo Mulheres do Brasil, Luiza Helena Trajano, recorreu, em reunião no Palácio dos Bandeirantes, no último dia 2 de maio, para levar um pedido de suas Niaras: melhorar o aparelhamento da Delegacia de Defesa dos Direitos da Mulher de Franca (DDM), que estava mal instalada e carecia de efetivo para cumprir bem sua função.

O secretário de Estado de Segurança, João Camilo Pires, e seu assessor Capitão Casimiro visitaram a nova sede da DDM, em Franca, recebidos por Najara Rodrigues, Dora Bittar, Marcela Barros e pela delegada Christina Bueno

Foi a advogada e co-líder do Comitê de Combate à Violência Contra Mulher do Grupo, Najara Aparecida Rodrigues, quem apresentou, na ocasião, um estudo das condições da DDM de Franca. O governador ouviu e, na presença de seus secretários de Segurança, de Desenvolvimento Econômico e de Justiça, disse que o Estado já tinha preparada uma campanha de combate à violência contra a mulher. “Então comece por Franca, governador. Faça da cidade um modelo dessa campanha”, propôs Luiza. E assim foi.

Três meses e duas visitas do secretário Pires a Franca depois, a Delegacia da Mulher já está instalada em novo prédio, conta com mais efetivo – convocado entre remanescentes do último concurso da Polícia Civil – e está tendo um anexo equipado para receber o Centro de Referência da Mulher, à rua Voluntários da Franca, 2.557, área central.

Luiza Helena Trajano e integrantes do Comitê de Combate à Violência contra a Mulher visitam a Secretaria da Mulher em Barueri, referência e inspiração para o trabalho que será instalado em Franca – Foto: Divulgação

“Quando uma mulher vitimizada consegue fazer a denúncia, ela precisa de todo o acolhimento, principalmente psicológico. Também tem necessidade de orientação jurídica, apoio e encaminhamento para quem pode ajuda-lá. Tudo isso ela encontrará no Centro de Referência”, justifica a co-líder do Comitê Niara, Dora Bittar.

Segundo ela, também serão oferecidos, no Centro, oficinas e cursos profissionalizantes, em parceria com instituições especializadas, para dar opções de sustento a mulheres que queiram romper com o ciclo de violência em suas realidades.

‘Sonho que se sonha junto é realidade’

Assim como a instalação da DDM no novo prédio, a montagem do Centro de Referência está contando com o trabalho incansável do Comitê Niara e de voluntários recrutados por elas, como o arquiteto Fabiano Correa e a personal organizer Pamela. “Estamos organizando tudo, até a limpeza. A gente quer humanizar a delegacia. A atual é muito fria. A mulher vítima de violência já chega fragilizada e não dá para chegar em um ambiente hostil. Até a parte da acessibilidade está sendo revista, para que ela não tenha que usar a mesma entrada”, diz Najara.

“Nosso lema no Grupo Mulheres do Brasil é ‘Sonho que se sonha junto é realidade’. É recompensador perceber o quanto o nosso núcleo tem feito por Franca, ressaltando o trabalho do Comitê Niara com suas líderes, Najara e Dora, e o empenho da nossa líder maior, Luiza Helena Trajano, junto à causa do Combate à Violência Contra a Mulher”, declara a líder do Núcleo Franca, Eliane Sanches Querino.

Ela conta que essa luta nasceu a partir do depoimento de uma das Niaras mais atuantes hoje no Comitê, Marcia Matos. E é a própria quem conta que, por 20 anos, sofreu agressões físicas e psicológicas por parte do marido. Amargava há anos um quadro de depressão e começava a apresentar sintomas como desmaios, gagueira e incontinência quando criou coragem para, finalmente, informar-se sobre seus direitos na Delegacia da Mulher da cidade onde morava. “Cheguei tão debilitada física e psicologicamente que a pessoa que me atendeu me encaminhou imediatamente para o Centro de Referência”, lembra, emocionada.

“Agradeço muito, mas muito aquelas profissionais. O acolhimento que tive ali [no Centro de Referência] foi importantíssimo. Senti que tinha alguém por mim. Comecei a fazer um tratamento acirrado com a psicóloga e, tempos depois, tive coragem de voltar para a cidade da minha família e me reerguer”, narra Marcia.

Reunião de trabalho do Comitê Niara – Foto: Divulgação

Uma de suas primeiras atitudes, ao se estabelecer em Franca, foi procurar um Centro de Referência da Mulher onde pudesse trabalhar e retribuir todo o bem que havia recebido. Mas não existia. Procurou então engajar-se em causas sociais e, por indicação de um palestrante para quem contou sua história, foi convidada a conhecer o trabalho do Núcleo Franca do Grupo Mulheres do Brasil.

A líder Eliane acolheu Marcia e a sua ideia de lutar por um Centro de Referência na cidade. Visitou com ela centros de outras cidades, para entender pelo que precisavam lutar, envolveu a delegada da Mulher de Franca, Cristiane Bueno, e convocou suas Niaras à luta. As mobilizações que se seguiram as trouxeram até este momento de celebração.

Mas a luta não acaba com estas primeiras conquistas. As Niaras seguem tocando vários outros projetos ‘linkados’ ao propósito de combater a violência contra a mulher, como palestras em escolas, UBSs, centros comunitários e caminhadas de conscientização. “O objetivo é grande, mas a determinação delas, maior ainda”, conclui Eliane.

Por Sílvia Pereira

 

 

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