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Como a Ciência de Dados impacta nossa vida

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Os dados movimentados pela internet são tão importantes que têm seu valor comparado ao de todo o ouro extraído no mundo, desde o início da humanidade até hoje. A afirmação é da física e matemática Tânia Leal, que proferiu a palestra “Como a Ciência de Dados Impacta Sua Vida”, com a cientista de dados Janete Ribeiro, na sede do Grupo Mulheres do Brasil, em São Paulo, na noite de 29 de janeiro.

Organizado pelo Comitê Mundo Digital, o evento mostrou como a popularização da internet por meio dos aparelhos celulares vem mudando rápida e irreversivelmente os hábitos humanos de consumo e, consequentemente, a forma como as sociedades e o mundo funcionam. Nesses novos modelos, quem não buscar atualização constante corre o risco de ser excluído – não só do mundo digital, mas do mercado de trabalho – e de tornar-se refém de quem domina a Ciência de Dados, que cada vez mais tem regido nossas vidas.

Janete Ribeiro explica que Ciência de Dados é a coleta de fontes diversas de informações, de uma forma estruturada, para se chegar ao “dado certo” (right date) para determinada empresa ou para resolver seu problema pessoal. “Para isso, milhões de dados devem ser separados. O cientista de dados faz esse trabalho: de selecionar o que presta entre o que não presta”, resumiu.

Segundo ela, nesse mundo em transformação por conta das novas tecnologias, algumas funções vão desaparecer e novas já estão surgindo. “E a essência das novas carreiras que vêm por aí é você ser pluralista, estar sempre aberto “, alertou. Para ela, a tendência é que cada vez mais os robôs assumam funções repetitivas e processuais no mercado. “Funções que nós, humanos, assumimos lá atrás, na Revolução Industrial, quando nos robotizaram para a produção em série. Isso é que vai acabar. O ser humano passará a ser usado mais em funções que exigem da mente”, diz.

A sede do Grupo estava lotada para a palestra – Foto: Divulgação

Sobre o impacto invisível que a Ciência de Dados tem no cotidiano atual, a cientista destacou o que o mercado chama de Big Date – os milhões de dados movimentados o tempo todo na internet, que deixam rastros de nossas identidades e hábitos de consumo. “Estamos deixando muito mais informações a nosso respeito do que a gente pensa no mundo digital. Por isso é que, depois que a gente pesquisa no Google sobre um tênis, por exemplo, imediatamente surge em nossa página de rede social um monte de propaganda a respeito”, exemplificou.

A profissão

De acordo com as palestrantes, o cientista de dados costuma trabalhar em grupo, geralmente formado também por analista de dados, engenheiro de dados, desenvolvedor e líder de projetos. “Não tem muito glamour. É um trabalho pesado, mas bem divertido e nunca é feito por uma pessoa só por conta do grande volume de dados que a internet movimenta o tempo todo. Aí entra outra exigência do mercado: sua capacidade de ouvir e interagir com outras pessoas”, diz Janete.

Gestora da comunidade Olhar do Futuro, voltada para a disseminação da inovação para toda a sociedade, Tânia Leal falou sobre o mercado de trabalho e o cenário brasileiro no âmbito da Ciência de Dados e a importância da atualização constante. “O cientista de dados não consegue parar de estudar, porque o conhecimento se atualiza o tempo todo”, pontuou.

De acordo com ela, os requisitos essenciais para a inclusão neste mundo digital são: aprender sobre o negócio no qual se trabalhará; aprender sobre tecnologias que vai usar; ser criativo e investigativo; conhecer um pouco sobre banco de dados; ter aptidões de gestor; e saber trabalhar em equipe. “Isso no mínimo. O dado importante é que não se encontram, atualmente, muitos profissionais de ciência de dados no mercado. Está precisando aumentar a oferta”, disse.

Ações

Para incentivar mulheres de todas as idades a incluírem-se nessa sociedade em transformação, o Comitê Mundo Digital, do Grupo Mulheres do Brasil, ministra palestras e estabelece parcerias para oferecer cursos de inclusão. Uma delas é com uma instituição global criada na África e hoje presente em 67 países, que ensina noções de tecnologia a meninas desfavorecidas social e economicamente. “A partir de aulas muito simples, é possível ensinar o raciocínio lógico que a tecnologia demanda. Com isso, a partir dos 16 Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis da ONU – que norteiam todos os projetos do Grupo Mulheres do Brasil – a gente consegue despertar nessas meninas o interesse e a crença em si mesmas, para que passem a buscar especialização e empregos nessa área do futuro”, informou Michele Hacke, uma das líderes do Comitê Mundo Digital, ao início da palestra.

A cientista de dados Janete Ribeiro recebeu missão semelhante como embaixadora da Universidade Stanford (California, EUA) no Brasil. Após perceber a existência de pouquíssimas mulheres nos cursos de tecnologia, a universidade a encarregou de municiar as brasileiras com informações que possam despertar nelas o interesse de candidatarem-se. “O papel desse projeto é juntar duas pontas: quem está começando, no mercado de trabalho, e quem tem que mudar para acompanhar as mudanças”, disse.

Por Sílvia Pereira

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