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As donas das histórias

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Inspiradas por este período de premiações da indústria cinematográfica, selecionamos cinco dicas de filmes que têm mulheres fortes como protagonistas para você assistir

Aproveitamos o período de premiações cinematográficas no país com a maior indústria de entretenimento do mundo – os Estados Unidos – para lembrar filmes protagonizados por mulheres fortes. Selecionamos cinco dicas de produções relativamente recentes, dos quais três são também dirigidos por mulheres, que, por incrível que pareça, ainda são minoria e solenemente ignoradas nesta indústria. Alguns deles têm histórias fortes sobre a opressão feminina não só na frente das telas como também nos bastidores.

“Adoráveis Mulheres” – Foto: Divulgação

Começamos pelo recente “Adoráveis Mulheres”, que vem a ser simplesmente a sétima versão cinematográfica da clássica novela “Little Women”, escrita no século 19 pela norte-americana Louisa May Alcott. Para dar uma ideia de sua popularidade, a primeira versão da obra para o cinema data de 1917 (primórdios do cinema mudo) e as duas últimas de 2018. Já para a televisão, o clássico foi adaptado algumas dezenas de vezes, inclusive em versão animada pela TV japonesa.

A diretora Greta Gerwig – que teve seu filme “Lady Bird” indicado ao Oscar de Melhor Filme em 2018 – assumiu o risco das inevitáveis comparações para contribuir com seu olhar feminista sobre essa história essencialmente feminina, que reflete a condição da mulher na sociedade norte-americana do século 19. Seu filtro intensifica a veia revolucionária da protagonista Jo, cujos sonhos nada tem a ver com apenas casar e criar filhos, mas com viver de sua própria arte.

Assédio nos bastidores

O segundo título relacionado, “Frida”, é uma cinebiografia do principal nome da história artística do México, assinado pela norte-americana Julie Taymor (de “Across The Universe”).

A atriz de ascendência mexicana Salma Hayek, que interpreta a artista e é uma das produtoras, teve que enfrentar o machismo da indústria – que incluiu assédio sexual do produtor Harvey Weinstein, julgado pelo crime – para concretizar o filme, um projeto pessoal seu.

Saindo do registro de época, temos “A Hora Mais Escura”, assinado por Kathryn Bigelow, primeira e única mulher a ganhar, até hoje, o Oscar de Melhor Direção (por “Guerra ao Terror”). Seu maior mérito foi fazer justiça à agente da CIA responsável pela localização do inimigo público número 1 dos Estados Unidos após os ataques de 11 de Setembro de 2001: Osama Bin Laden. Apesar de o filme ter cenas cruas de interrogatórios, percebe-se, aqui e ali, seu olhar feminino na sugestão do isolamento e solidão que cerca a agente em um universo de homens.

“Frida” – Foto: Divulgação

Preconceitos

A quarta dica, “Estrelas Além do Tempo”, já é dirigida por um homem, Theodore Melfi, que retratou com a esperada objetividade masculina os obstáculos e preconceitos que três cientista negras tiveram que enfrentar para ter seu trabalho reconhecido e ascenderem na hierarquia da Nasa, a agência espacial norte-americana.

E como não poderia falta um título brasileiro, concluímos com “Nise: O Coração da Loucura”, assinado pelo brasileiro Roberto Berliner, que também soube fazer justiça à história da psiquiatra que revolucionou o tratamento da esquizofrenia usando a arte como terapia ocupacional. Destaque para a atuação, sempre memorável, de Glória Pires.

“Estrelas além do tempo” – Foto: Divulgação

Confira a seguir a ficha técnica e as sinopses de cada título indicado:

‘Adoráveis Mulheres’ (Little Women, EUA, 2019)

Direção: Greta Gerwig. Elenco:  Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Laura Dern, Eliza Scanlen e Timothée Chalamet

No século 19, as irmãs Jo, Beth, Meg e Amy amadurecem na virada da adolescência para a vida adulta enquanto os Estados Unidos atravessam a Guerra Civil. Com personalidades completamente diferentes, elas enfrentam os desafios de crescer unidas pelo amor que nutrem umas pelas outras. Atualmente, em exibição nas salas de cinema.

‘Frida’ (Idem, EUA/CAN/MEX, 2002)

Direção Julie Taymor. Elenco: Salma Hayek, Alfred Molina, Geoffrey Rush

O longa retrata a vida intensa da conceituada pintora, que tinha uma saúde debilitada pelo grave acidente que a manteve hospitalizada por um longo tempo. Verídica, a história mostra o casamento turbulento de Frida com Diego Rivera, a produção dos inúmeros autorretratos de inspiração surrealista – apesar de ela comumente retratar a própria realidade –, sua força e obstinação. Disponível no Netflix.

‘A Hora Mais Escura’ (Zero Dark Thirty, EUA, 2013)

Direção: Kathryn Bigelow. Elenco: Jessica Chastain, Jason Clarke, Joel Edgerton

Baseado em fatos reais, o filme foca os esforços da agente da CIA Maya em capturar Osama Bin Laden, tido como mandante dos ataques terroristas sofridos pelos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, que deram início a uma época de medo e paranoia do povo americano. Por ter descoberto os interlocutores do líder do grupo terrorista. ela participa da operação que levou militares americanos a invadir o território paquistanês, com o objetivo de capturar e matar bin Laden. Disponível no Netflix.

“A hora mais escura” – Foto: Divulgação

‘Estrelas Além do Tempo’ (Hidden Figures, EUA, 2017)

Direção: Theodore Melfi. Elenco: Taraji P. Henson, Octavia Spencer, Janelle Monáe

Em 1961, plena Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética disputam a supremacia na corrida espacial ao mesmo tempo em que a sociedade norte-americana lida com uma profunda cisão racial entre brancos e negros. Tal situação é refletida também na NASA, onde um grupo de funcionárias negras é obrigada a trabalhar à parte e particularmente as Katherine Johnson, Dorothy Vaughn e Mary Jackson têm que provar todos os dias sua competência e lidar com o preconceito racial e machismo.

‘Nise: O Coração da Loucura’ (Brasil|, 2015)

Direção: Roberto Berliner. Elenco: Glória Pires, Simone Mazzer, Julio Adrião

Ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão, a médica Nise da Silveira propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. Seus colegas de trabalho discordam e a isolam no abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde ela dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes, através do amor e da arte. Disponível no Netflix.

Por Sílvia Pereira

 

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