Igualdade Racial São Paulo

Aceleradora coloca novas empoderadas no mercado

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Mais 16 brasileiras pretas e pardas reassumiram seus lugares ao mercado de trabalho, com confiança renovada, novas perspectivas de ascensão e muita sede de empoderamento após participarem da 5ª edição do Programa Aceleradora de Carreiras, que ocorreu de 8 a 10 de novembro último, em São Paulo. Realizado pelo Comitê de Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil, o programa é uma ação afirmativa para mulheres pretas e pardas que buscam desenvolvimento pessoal e profissional, com vistas a assumirem posições de liderança no mundo corporativo.

Desenvolvido durante três dias, em formato de imersão, o Aceleradora de Carreiras aborda temas como autoconhecimento, sonho, carreira, valores, marca pessoal, ancestralidade, finanças, dress code e networking.

Painel de executiva inspirou as participantes – Foto: Divulgação

Nesta edição, o número de participantes foi menor em relação às anteriores, apesar das 150 inscrições, porque pela primeira vez foram selecionadas apenas profissionais que estão no mercado de trabalho formal.

De acordo com uma das líderes do Comitê de Igualdade Racial, Elizabete Scheibmayr, já foram aceleradas cerca de 130 mulheres no total das cinco edições. “O programa vem crescendo, o boca a boca, os resultados profissionais e pessoais o fortalecem cada vez mais. Cada edição tem se mostrado uma experiência nova para as facilitadoras e participantes. Acreditamos que estamos no caminho certo”, diz Elizabete.

Foto: Divulgação

O que dizem as ‘aceleradas’

O depoimento de profissionais aceleradas em edições anteriores, como a jornalista Raquel Cristina de Souza Belém, 32 anos, também demonstrou como o programa tem sido bem-sucedido em alavancar carreiras. Em seu depoimento, a carioca contou como a participação na 4ª edição, em agosto, a incentivou a iniciar um processo que culminou na conquista do cargo de coordenadora de marketing da multinacional brasileira Cataguazes. “Fui contratada para implantar o marketing da empresa em um momento de reposicionamento estratégico dela”, orgulha-se.

Raquel conta que, quando se inscreveu no programa, estava em um momento delicado de sua vida pessoal e insatisfeita em seu emprego, no qual já exercia a liderança das equipes de marketing há dois anos, mas não era reconhecida – no papel, permanecia com o mesmo cargo e salário de antes de assumir as novas responsabilidades.

Tudo o que Raquel ouviu e vivenciou durante o Aceleradora de Carreiras a impactou tanto que ela saiu disposta a mudar seu destino. Com ajuda de facilitadoras, reformulou seu currículo e o enviou para várias empresas, candidatando-se para cargos de liderança na capital paulista. “Lembro que quando fiz meu pitch de apresentação, no programa, uma orientadora que integrava a banca me disse que eu estava pronta para assumir o que eu quisesse. Eu acreditei!”, declarou.

Ao final, as participantes recebem certificado – Foto: Divulgação

A jornalista diz ter ouvido coisas que a fizeram encontrar a confiança necessária para dar outro passo. “Com certeza acelerou minha carreira. Só tenho gratidão por todas. Estou 100% disponível para devolver isso e já estou devolvendo, ajudando pessoas que participaram do programa comigo”, conclui Raquel.

Formada em Marketing e com pós-graduação em gestão de e-commerce, Solange Feliciano da Silva, 41, foi outra que teve a carreira acelerada após participar da 4ª edição. Conta que fez a inscrição em junho, quando ainda estava empregada como coordenadora de operações de uma empresa de sistemas para shopping. Mas, quando Beth entrou em contato por e-mail para confirmar sua inscrição, Solange respondeu que não teria condições financeiras de participar porque ficou desempregada e investiu sua indenização em cursos de atualização. A líder, então, ofereceu-lhe uma bolsa de participação, em troca dela participar dos três dias de programa.

Solange diz que saiu do programa cheia de autoconfiança e consciente de tudo o que é capaz. Acha que isso transpareceu na entrevista que rendeu sua recente contratação no Departamento de Marketing da CI&T, multinacional brasileira que atua na transformação digital dos negócios de grandes marcas globais. “Sinto-me honrada de estar na mesma empresa que Solange Sobral, que sempre foi uma referência pra mim”, diz Solange sobre a vice-presidente da multinacional, que está entre as poucas mulheres negras em cargos de liderança no País.

As amizades que fez durante a imersão no programa também a ajudaram, e continuam ajudando. “A aceleradora também trouxe para mim 35 irmãs, com as quais me comunico o tempo todo. Nos ajudamos e nos apoiamos”, comemora.

Novas aceleradas

Para Virginia Brandão, secretária executiva na Siemens Ltda, participar da última edição, foi transformador. “Passar um final de semana com mulheres negras empoderadas, protagonistas de suas próprias histórias, foi impactante. A gente sai da imersão muito cansada, mas a troca é tão genuína que você se sente a Mulher Maravilha”, entusiasma-se. Ela ainda elogiou muito o conteúdo sobre autoconhecimento, que a fez entender sua história e saber aonde quer chegar. “Isso faz toda a diferença, porque não saber o que quer te faz aceitar qualquer coisa”, comenta.

Administradora de empresas pós-graduada em gestão de pessoas, Priscila de Souza Rodrigues diz que também estava desanimada em relação à sua carreira quando se inscreveu. Foi participar de “cabeça bem aberta”, pois não sabia direito como ia ser, e à medida que evoluía a programação, surpreendia-se cada vez mais. “Fui entendendo para qual caminho posso direcionar minha carreira neste momento e tive uma visão muito ampla de todas as possibilidades”, declarou.

Priscila também valorizou muito as conexões feitas no grupo. “Conhecer pessoas que estão na mesma situação que você, entender que não está sozinha e que cada pessoa tem as mesmas dores e pode lhe estender a mão e ouvir, compartilhar…. Acho que foi o principal legado”, afirma.

Equipe Aceleradora de Carreiras – Foto: Divulgação

Para a jornalista Tayana Nazario Fernandes, 27, a experiência foi “maravilhosa” e despertadora. “Foram três dias de autoconhecimento, aceitação e empoderamento, coisas que ficam um pouco mais difíceis quando olhamos para o contexto do País”, pontua.

Já Lia Souza, formada em Design Gráfico, considerou o conteúdo do programa estratégico. “São as orientações que a gente precisa ter para acelerar mesmo a carreira.

Sensível, extenso, profundo e organizado brilhantemente”, falou. Ela também achou importante ter sido levada a relembrar sua história, pois conseguiu, por meio de todo o conteúdo passado, lembrar-se do porquê entrou na profissão.

Para a líder Elizabete Scheibmayr, ao final, dá para perceber que as participantes buscam, além de ferramentas para o crescimento profissional, referências, identificação e pertencimento. “O resgate de sua ancestralidade, como ferramenta de fortalecimento profissional e pessoal”, conclui.

*Por Sílvia Pereira

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